segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

PAI 2 - A REVANCHE.

Quando me recordo do Paulo José,logo me vem a mente um grande par de bochechas e
um bigodinho...Ser enteado de alguém não é nenhum escândalo,mas se todo mundo olha
prá você e diz que "não pode negar que são pai e filho",a coisa já passa a ficar engraçada.E isso me acontecia a toda hora,quando nos meus 9,10 anos...

Tendo saído da casa paterna muito cedo,o Paulo, de fato, tinha enorme dificuldade de
exprimir sentimentos ou demonstrar algum grau de ternura por algo ou alguém e tinha
todos os graus de machezas e machismos,típicos dos homens do final dos anos 50,que
usavam tais estratégias como verdadeiras "armaduras".Somando-se a isso uma voz de
tom muito grave,que no mais das vezes,soava como um grunhido grosso,quando res-
pondia a alguma pergunta,o mineiro acabava passando uma imagem meio "ogra",que com a convivencia diária se notava que não era bem assim e que o seu problema maior
era não saber verbalizar emoções íntimas.Como se não bastasse tudo isso,era açouguiero de profissão e Canceriano Lunar e de "fases"...

Desmedidamente pródigo e farto no que se referia a comes e bebes,fazia de nossas
refeições um não mais acabar de pratos variados onde a carne,obviamente,era a
principal atração e meu café da manhã era cheio de bifes,ovos,pães,achocolatados,
sucos, etc.Como já vinha eu de um pai anterior que morria de medo de perder mais
um filho e me entupia de comida e nesse pai agora a expressão de proteção também
era "nutricional",dá prá ver que fui um gordo "fabricado" em casa ...

Em resumo:um cara muito legal,que admirava minhas "leituras e instruções",por ser quase analfabeto,embora inteligente e sagaz ...

Um dia mamãe ficou grávida.Criou-se em torno disso um certo "mal estar",mais devido ao temor infundado da reação que teria meu pai número um,diante de uma
gravidez e do que diriam "os outros",já que nunca houve desquite e o divórcio nos
anos 60 era uma piada de mal gosto...

Gravidez normal.Ia ser ótimo ter um irmão e achava muito bacana senti-lo chutando
quando punha a mão na barriga de mamãe,embora um pré adolescente já começasse
a pensar em meninas com certo jeitinho sexual,não me imaginava cuidando de um
bebê,caso fosse solicitado para tal... E o tempo foi passando e num finzinho de maio
lá estava eu,minha tia "Filinha", e o Paulo que fumava e tremia,tremia e fumava.

Um forte e vigoroso vagido,anunciou que mais um Geminiano que "dá nó em pingo de
éter" e dono de uma agilidade mental inigualável estava vindo ao Planeta Terra!

Foi muito emocionante meeesmo,a gente pulava e vibrava como se fôsse um gol do
Brasil em Copa do Mundo.Pela primeira vez ví o Paulão chorar e chorei também de
pura alegria.Tres "corujões" numa maternidade de Vista Alegre,Irajá,Rio de Janeiro.

A enfermeira trouxe uma coisinha arroxeada,enrrugadinha que não conseguí achar
bonito,nos meus 13 anos,mas pensei comigo mesmo:"Ah,não vou nem ligar,que êle
nasceu "assim"(eu pensava que as crianças,nasciam liiindas como nos filmes de
Hollywood !!!) êle é meu irmão e vai ficar bonito quando crescer..."

Hoje em dia se meu irmão não é um Gianechinni é um cara prá lá de simpaticão e dono
de um papo e uma inteligência tão aguçada que só de pensar me arrepio!...

Além de tudo é "cara-do-pai" e ... a VOZ também é "igual-a-do-pai"!!!


Um comentário:

Computador sem mistérios... disse...

TE AMO DIMONTAO !!!ADORAMOS OS TEXTOS!
Agora, por favor, faz todos os textos com o mesmo tamanho de letra, pois o anterior,(OS PAIS , POIS ...) e seguintes, só consegui ler com uma lupa...