quarta-feira, 19 de novembro de 2008

"VÓ" ALZIRA ...

...E a nova vida de Dona Alzira,foi um Deus-nos-acuda,de novas e pesadas tarefas,que se desenvolviam
com a ajuda precária da filharada...
Ela se dizia "viúva",pois, nessa época,mulher sem marido era "muito mal vista"...
Naqueles finais dos anos 20 do século passado,o Rádio "engatinhava"e a Televisão nem se imaginava que iria um dia vir a existir.A grande atração,principalmente,nas noites de sábado eram as conversas ao
pé da fogueira,onde pontificavam os contadores de "causos" e histórias.
Pedro Malasartes,casos "verídicos"(que quem ouvia,jurava ser mentira...) histórias da Carochinha e
até o velho Bocage,desfilavam nas narrativas dos "bons de papo",enquanto batatas eram assadas nas
brasas,e rolava café e uma cachacinha,prá quem gostasse...
Aí foi que a bem da verdade,"começou" a minha história,pois numa bela noite eis que surge o negrão
Octávio,com suas narrativas atraentes e bem contadas,por uma voz forte,que de vez em quando,caso
houvesse algum violeiro na roda,arriscava uma seresta,já na quinta pinga...
A popularidade de Octávio era muito grande no Bairro de Ramos,subúrbio da Leoppoldina do Rio de
Janeiro,em virtude das virtudes já expostas e também porque era difícil passar despercebido um
armário de um metro e noventa de homem.
Num sábado,a noite de lua,foi encoberta por nuvens pesadas e os trovões e relampagos,fizeram a
festa no céu,porque na terra a festa,acabou por um lado e ao que tudo indica começou no outro,pois
minha avó morria de medo de raios e ribombos de tempestades...Adivinha,quem naquele dia dormiu
na esteira da sala,todo frajola e caprichando nos "causos"?"Êle"...
Mas apesar do clima propício,Alzira jurava que não rolou de primeira e sim depois de meses,de ajuda
de vovô,carregando as tinas pesadas e esfregando as roupas mais grossas e difíceis,pois êle ficou
como seu inquilino,ocupando um dos tres quartos da casa,pagando com serviços o aluguel...
Há de se ressaltar,que meu avô,tinha duas profissões: a Construção Civil e a Bebida ...
Quando, oficialmente,passaram a ser marido e mulher,vários irmãozinhos foram aparecendo,para
fazer companhia aos pimpolhos do primeiro casamento,entre êles Judith,minha mãe,que veio a conhecer Jonas meu pai,onde?Onde?Na tal fogueira dos contadores de histórias,pois meu velho era
um excelente narrador,marinheiro e amigão do Octávio,que se amarrava nos relatos do marujo...
Aí,já é outra saga,que qualquer dia eu conto ...