quinta-feira, 23 de outubro de 2008

MINHA AVÓ ESTÁ DE VOLTA !

As histórias de minha avó a respeito de sua vida anterior,não eram muito minuciosas ...
Nós os netos sabíamos que sua mãe,nossa bisavó,havia morrido vítima de uma queda de uma escada
enquanto colhia olivas e o pai,com duas meninas e dois meninos para cuidar,não teve "peito" suficiente
para aguentar a prole,na Santa Terrinha e se mandou para o Brasil,sem o seu mais velho,que já trabalhava e se chamava Arthur,mas que curiosamente era brasileiroe fruto de um caso que aqui o
velho tivera e retornara para Portugal,por ocasião do falecimento de sua brasileirinha,se não me engano,
vítima da famosa gripe espanhola.O português estava portanto, em sua segunda viuvez ...
Minha avó era a mais nova das crianças,com seis anos de idade ... Aí,surje um hiato,como na vida de
Cristo,e só se sabia que o pai morreu,que "Vó" Alzira,se apaixonou por um paulista de Santos,do qual
cheguei a ver um retrato amarelado,que ostentava uns belíssimos bigodes retorcidos,como Olavo Bilac
e que curiosamente ,também se chamava Arthur e que com ela se casou ,tendo a donzela só quinze anos
e o noivo vinte e cinco e ninguém nem sabia o que era pedofilia,já que casórios nesse feitio eram prá
lá de normais nessa época ...
"Seu" Arthur,era comerciante de tecidos e começou a prosperar vendendo panos resistentes às fábricas para confecção
de uniformes e macacões,
O dinheiro,começava a entrar e proporcionar um nível de vida até invejável para a Família Martins e
já resultavam tres filhos desse enlace:Roberto,Isabel e Durvalina.Mas,dinheiro em mão de homem é
uma tentação,que leva quase sempre a outra mulher,que em geral raspa seus bens e faz o sujeito pirar
e se iludir... Aconteceu ... E foi brabo ... O homem se mandou para São Paulo e deixou Alzira,com tres
filhos prá criar.Justiça?Vara de Família?Advogado?Que nada...Só desorientação ...
E a brava Alzirinha,eclipsou sua vida de Madame em Lavadeira !
(CONTINUA ...)

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

MINHA AVÓ

Todo mundo teve avó,pode até não tê-la conhecido,mas que teve,teve...
A minha era uma figura fascinante e não estou dizendo isso prá enaltecer a família,nem jogar confetes
ou espalhar lantejoulas em minha crônica familiar,mas porque a Dona Alzira,Leonina de alto bordo,era
realmente uma figura daquelas inesquecíveis,que marcou positivamente quem a conheceu...
Era um metro e sessenta de gordinha rechochuda,nascida em Portugal e vinda pro Brasil com tres anos
de idade,sem o mínimo de sotaque e dona de uma voz clara e difícil de se calar,principalmente quando seu forte pendor a teatralizar as situações e "causos"seus ou dos outros,se manifestava ou seja: sem-pre.Longe de mim dizer que minha avó era chegada ao velho esporte da fofóca...Era sim uma pessoa
extremamente "bem informada" a quem as pessoas relatavam os segredos mais "cabeludos" e que
quando os repassava a algum interlocutor,exigia Dona Alzira o mais absoluto e fechado segredo.
Coisa curiosa ocorria ,por exemplo quando ganhava algo em datas festivas,pois quando
não se agradava do "mimo",suas mãosinhas gorduchinhas davam aquela passadinha sutil sobre o
presente e sorria com um ligeiro esgar,acompanhado invariávelmente da frase "bonitinho,né?",
que mais tarde só encontrei semelhança no humor sarcástico do Groucho Marx.
Seu lado teatral,fez dela uma maravilhosa contadora de histórias,que interpretava cada personagem
com detalhes e vozes,que poderiam tanto me fazer gargalhar,quanto me encolher de mêdo ao ouví-las
nas noites de minha meninice...
Por ser minha "vó" um manancial de histórias e situações variadas e multifacetadas,não lhe darei uma
postagem só.Outras mais virão ao seu devido tempo...