sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

UM DIA DE SOL EM SEPETIBA EM 1973.

Sepetiba em 2007 e 2008 foi quase um bairro fantasma, que está sendo aos poucos
ressucitado e espero que o seja em breve...Esperei 36 anos para dizer que morava numa
rua asfaltada e com rede de esgotos.Posso todavia garantir que no século passado,com
todas as carencias, a velha "Sepê" era pitoresca e divertida...

Alguém já disse que no duro,no duro a gente sente saudades não do passado,mas de
quem eramos na época citada, e aos 24 anos meu olhar era outro para o Mundo e as
pessoas,embora minha cabeça não tenha mudado tanto assim,meu exterior era bem mais
"apresentável".Estavamos vivendo os efeitos positivos das "revoluções" de costumes
e atitudes,que o final dos anos 60 trouxera e havia uma onda libertária no ar.Embora o Lennon
já tivesse dito que o sonho acabara e a ditadura estivesse bem dura ,ainda tinha eu uma gostosa ilusão que a Era de Aquárius estava prá chegar e a Paz e o Amor pre-
gada pelos "Hippies",tinha sido semeada no Planeta com eficiencia.

Nas manhãs de sábado,bem cêdo,5 ou 6 horas da matina,já havia gente na Praia de
Dona Luiza,para assistir ao nascer do sol,em sua maioria vinda dos bailinhos no Clube
Náutico ou do Clube do Reconcavo...Gente meio ressaqueda,meio amarrotada e em
geral casais.
Depois chegavam os velhinhos e velhinhas,para comprar peixes dos caiçaras que retornavam com os barcos pequenos,com tainhas,cocorócas,peixes galo,sirís,etc.
A terceira idade ainda nem tinha êsse nome,mas oferecia um curioso espetáculo com
suas perninhas ultra brancas,untadas com a "famosa"lama "medicinal",pretíssima e
que era "um santo remédio" contra reumatismos e dores nas juntas...

Iam chegando depois os vendedores de cuzcus,quebra queixo,milho cozido,coco,pipas,
refrigerantes,óleo de bronzear,etc.,etc.,etc.,que se for enumerar todos passo duas horas
e não digo nem a metade.

Há de se ressaltar que não havia ninguém correndo na praia;todo mundo se "torrava"
ao sol,com bronzeadores dos mais suspeitos e fajutos,muitos feitos em casa;quem tivesse uma bóia preta,daquelas de pneu,poderia ter certeza que meia "conquista" já
estava feita;as pessoas traziam farnéis de comida de casa,que ia de frango com farofa
até feijoada ou macarronada;e principalmente ninguém nem suspeitava que tempos
depois seria inventada uma "coisinha" doida chamada telefone ce-lu-lar.

Já percebí que de uma vez só não vai dar prá relatar tudo da Sepetiba 73...
Vou voltar ao papo.Aguardem !